NOTÍCIAS
Nova comissão do TJRS deverá reavaliar autoidentificação de candidato cotista
12 DE DEZEMBRO DE 2023
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, durante a 19ª Sessão Ordinária de 2023, pela procedência da contestação do resultado de uma banca de heteroidentificação que impediu a posse de candidato autodeclarado negro, selecionado em concurso para juiz no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). O homem, que foi aprovado em outros três certames públicos dos quais participou como cotista, não integrou, realizada no dia 1º/12, a cerimônia de posse dos demais concorrentes, que conquistaram vagas na mesma disputa.
O voto seguido por unanimidade pelo Plenário do CNJ determina ao TJRS a formação de nova comissão de heteroidentificação, constituída por membros distintos daqueles que compuseram o primeiro grupo, para reavaliação dos recursos apresentados pelo autor do Procedimento de Controle Administrativo 0005214-93.2023.2.00.0000.

De acordo com o relator do PCA, conselheiro Pablo Coutinho Barreto, na primeira análise, o recurso apresentado pelo candidato não foi analisado por comissão composta por especialistas em questões raciais e direito antidiscriminação. “A resposta ao recurso do postulante não apresentou quaisquer motivos objetivos que justificassem a recusa dos objetivos do autor, que o reconsiderassem pessoa negra”, argumentou. “Não se detalhou, de forma pormenorizada, quais as características avaliadas que não se enquadrariam no fenótipo esperado para pessoas negras.”
A decisão do Conselho orienta que é necessária a adequada fundamentação das decisões da comissão a fim de permitir ao candidato uma eventual impugnação e o controle da legalidade do ato, o que faltou no caso do resultado proferido pela banca do TJRS.
A avaliação de Barreto justificou destaque feito pelo conselheiro Vieira de Mello Filho, porque seria solução para casos semelhantes, que se repetem e justificam a contestação de conclusões de bancas de heteroidentificação em concursos. “Se houver rejeição [da autodeclaração], fica estabelecido que deve haver a fundamentação e o respeito ao devido processo legal, o que possibilita ao candidato a impugnação e o controle de eventual ilegalidade desse ato”, disse o ministro, que também preside o Fórum Nacional do Poder Judiciário para a Equidade Racial (Fonaer).
O representante do autor do PCA, na argumentação durante o julgamento, destacou que seu cliente é filho de mãe negra, de pele retinta, e de pai de origem alemã. “Temos candidato que foi aprovado em três concursos, de três unidades da federação diferentes, de três regiões diferentes, reconhecido em bancas de heteroidentificação como pessoa negra e, num quarto estado, ele não mais é reconhecido como pessoa negra”, acrescentou o advogado Rodrigo Alessandro Sartoti durante a sustentação oral.
Na mesma sessão, o CNJ aprovou as regras para a instituição das comissões de heteroidentificação e o procedimento a ser adotado por esses colegiados nos concursos públicos realizados no âmbito do Poder Judiciário.
Assista ao julgamento na 19ª Sessão Ordinária de 2023 do CNJ:
Texto: Luís Cláudio Cicci
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias
The post Nova comissão do TJRS deverá reavaliar autoidentificação de candidato cotista appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
“Supremo na Semana” explica decisão sobre imóveis financiados e traz entrevista com ministra Cármen Lúcia
30 de outubro de 2023
O episódio #93 está disponível nas principais plataformas de áudio e no YouTube.
Anoreg RS
Lavagem de dinheiro e combate ao terrorismo: atuação de cartórios é tema de seminário
30 de outubro de 2023
Operações que levantem suspeitas de lavagem de dinheiro ou de financiamento ao terrorismo registradas em...
Anoreg RS
Prescrição também impede cobrança extrajudicial da dívida, diz STJ
30 de outubro de 2023
O reconhecimento da prescrição impede qualquer cobrança do débito, inclusive aquela feita fora do processo.
Anoreg RS
Artigo – Reforma tributária prevê alterações no imposto sobre doações e herança que podem causar elevação na carga tributária
30 de outubro de 2023
Além da amplamente divulgada unificação dos tributos sobre o consumo, é necessário acompanhar atentamente os...
Anoreg RS
Jurisprudência do CNJ – A reorganização de unidades extrajudiciais, mediante acumulação/desacumulação de serviços, não se confunde com a criação de novas serventias
30 de outubro de 2023
Confira o informativo de Jurisprudência do CNJ